A profissão dela a definia melhor do que qualquer outra tentativa de descrição. O olhar era apático, quase tristonho, mas não tristonho, e sim, doloroso. Nada que Camila não poderia suportar. A propósito, esse era seu nome naquele momento, Camila. A identidade não fazia muita diferença saber.
Ela ia todo dia ao quartel general de sua equipe exibir seus hematomas, suas feridas e as gravações das humilhações que passava. Alguns diziam que ela não tinha alma, e que nenhuma outra pessoa conseguiria suportar o que ela suporta, principalmente porque ela jamais reagia, nem poderia, isso estava no contrato de trabalho.
Sua voz era meio rouca, devido a todos esses anos vivendo dessa mandeira, alguns dizem que sua voz sempre foi assim, e outros dizem que nunca a ouviram falar, outros ainda disseram que foi um acidente. Dizem que em um desses trabalhos ela quase morreu.
Ela voltou para casa e esperou ele chegar. Ele chegou enquanto ela lavava o chão, ele disse que estava estressado, ela não respondeu. Em alguns minutos, ele perguntou sobre o jantar, ela disse que ja ia esquentar, e a noite começou cedo, quando ela foi acertada pelo cabo de vassoura nas costelas, quase no mesmo lugar do dia anterior.
As violencias variavam entre verbais e sexuais, e ele a ameaçou com uma faca. Quando seu sofrimento chegou ao maximo, ele foi findado. Seu agressor estava preso, seria morto, mas o seu sofrimento, longe de acabar. Há quem diga que ela gosta de sofrer, sim ou não, suas ferias tinham acabado de começar. Sua recuperação seria lenta, mas a proxima missão ja estava marcada para daqui a uns meses, e seria menos um maniaco no mundo.