sábado, 13 de fevereiro de 2010

Contos de Carnaval - I

Lúcia passa o batom em frente ao espelho, o último ítem de sua fantasia de fada.

Enquanto isso ela lembra de Mauro e de como o conheceu no ano passado naquela visita a um cliente. Ela tentando negociar seus produtos e aquele supervisor todo encaixado em seu terninho. E a negociação fechada e o convite para um café a título de comemoração. E aquela conversa agradável revelando um rapaz inteligente e sensível se estendeu no convite para um jantar e depois um cinema. E foi tudo tão mágico. De repente 6 meses já haviam se passado e ele fazia parte de sua vida de maneira irremediável, ele conquistara não só Lúcia como seus pais e irmãos. E agora ela se via ali, uma fada de batom rosa no espelho, pensando no trabalho que ele teve que atender e que roubou sua presença justamente quando ela queria aproveitar com ele a mágica do carnaval, festa que ela tanto gostava. Mas ele era aspirante a um cargo superior e isso era importante para o futuro deles. E ela sai em direção ao baile, para encontrar com as amigas que a chamaram já que ela estava sozinha em casa, e com as imagens desse futuro ela vai, a fada de batom rosa.
E o baile é lindo, todas aquelas fantasias e as pessoas alegres ao som das marchinhas, uma explosão de sorrisos e cores. E então no meio do salão ela vê Mauro, com sua fantasia de pirata e seu tapa-olho num beijo caloroso na mulher-maravilha. E ela ainda olha enquanto eles brincam o carnaval entre carícias e gracejos. Lúcia vai para um canto e chora por um longo tempo. Ela olha pro salão lotado e vê suas amigas brincando animadas. Ela engole o choro e vai em direção das amigas munida de seu orgulho resolvida a não perder o baile, mas antes mesmo de começar a andar a fada de batom rosa sabe que o carnaval acabou.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Acordar

Eu com certeza estava sonhando. Ele estava lindo. Nós encaixávamos perfeitamente. Era notável para todos os presentes. Tanto eu, quanto ele e os objetos do banheiro sabíamos que aquilo era inegável.

A música suave se intensificou e nós estávamos cada vez mais apaixonados. Pulsávamos como estrelas, brilhávamos como explosões intergalaticas e nossos corpos pareciam buracos negros sugando uns aos outros. Nossas bocas eram o vácuo do universo tragando a nós mesmos como um aspirador. Meu coração realmente batia.

Mas aí eu acordei, 20 anos depois. Ele havia saído para trabalhar e eu estava gorda.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Um novo passo...

Nós 3 demos um passo a diante. Discutimos que de alguma forma queremos crescer e sermos mais lidos.

Para isso pensamos que talvez fosse bom usar uma rede de relacionamentos para aproximar novos escritores e pessoas interessadas na nova literatura e nas mentes pensantes e pouco exploradas por aí.

Como percebi que algumas comunidades do orkut, bons textos nem sempre são bem vindos, criamos uma que eles sempre serão bem vindos e bem comentados. Portanto: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=98415711

Sejam bem vindos a bordo.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

João - A Morte pt I

João não esboçara nenhuma reação à notícia que acabara de receber. Mário ficou perplexo diante da reação de seu primo ao receber a notícia, ou melhor, a ausência dela. - Sua mãe faleceu, disse Mário, mas a reação de João foi como se alguém lhe tivesse dito - hoje vai chover -, quando o clima não faz a menor diferença. João não era dado à filosofia, tudo na vida de João era prático, se sua mãe morreu, que possa ter ido para o céu. Para os vivos a vida continua.

João aperta a mão de Mário, olha para o primo como a dizer que entendeu a mensagem, pega o papel do hospital que Mário trouxe para ele e fecha a porta, afinal ele precisa passar no escritório e depois começar a preparar toda a papelada. - Ao diabo com essa coisa de morte! Diz para si mesmo. João sabe que não tem o que lamentar nem o que sentir falta, afinal a mãe dele não foi melhor nem pior que qualquer outra mãe, e isso também não fazia mais diferença. - João, coma logo essa comida enquanto está quente! Era a lembrança que ele tinha da mãe nesse momento, enquanto pegava sua mochila e se dirigia para a rua. Nada de excesso de zelo, super proteção ou coisa do gênero, a única preocupação de sua mãe era que ele não esperasse a comida esfriar para comer, pois seria um desperdício de todo o seu trabalho de cozinhar. Prático assim. João só pensa no café forte que o espera no escritório, a única coisa que ainda faz com que o seu trabalho não valha menos que um rato morto em decomposição depois da chuva. Era exatamente assim que ele imaginava o escritório: uma coisa morta enquanto ele e os outros se contorciam como vermes á procura do seu naco de carne podre. Ele não tinha nenhuma ideologia ou filosofia partidária, o fato dele não gostar do sistema vigente não significava que ele acreditasse em um sistema melhor. - São as pessoas - ele costumava dizer - que estragam tudo. João queria lembrar mais da sua mãe, ele chega mesmo a sentir um início de culpa, pela distância que ele tomou dela, mas João sabia que tinha feito o que era certo. Ele cuidou dela, se não com carinho pelo menos com responsabilidade, até onde era possível cuidar de alguém, e quando a doença tomou conta ele fez a coisa mais coerente a se fazer, entregando a mãe aos cuidados médicos. - Me deixe morrer em casa, me conceda ao menos esse último ato de dignidade, não me deixe morrer numa cama de hospital enquanto estranhos invadem minha intimidade, me metem numa fralda e me deixam morrer toda cagada e sendo observada por eles com o mesmo zelo dos urubus! Mamãe nunca tornava as coisas mais fáceis.
Depois de uma viagem de trem e uma de metrô – de cascadura até a central e da central até o largo da carioca – João pára em frente ao prédio de número 50. Ele olha para o topo do prédio, até o 17º andar, e depois se dirige até a entrada. Cumprimenta secamente o porteiro e o segurança, sem levantar a cabeça. Quando entra no elevador João pensa se está parecendo triste o suficiente, triste como quem acaba de perder a mãe, e fica realmente preocupado, afinal ele terá de falar com o Chefe. Ter de falar com o chefe sempre o deixava nervoso. Para ele os chefes não eram pessoas com quem pessoas como ele deveria falar. Chefes existem para dar ordens, pagar os salários, tentar não falir as empresas e serem desagradáveis como só os chefes podem ser. Chegando ao escritório ele tenta parecer abatido, ele quer evitar as pessoas para que as coisas sejam mais fáceis, não que ele realmente precise, afinal a essa hora provavelmente todos já sabem do acontecido, mas João teme que as pessoas possam perceber que ele está bem. Na verdade a única coisa que o atormenta é o desconforto de ter de comparecer ao velório e ter que aguardar pacientemente o cumprimento dos parentes. João se dirige até a máquina de café e se recompensa com uma dose tripla, e então vai até a sala do chefe e bate na porta.
- Entre.
- Chefe, é minha mãe, ela faleceu. João olha para baixo e tenta parecer o mais triste possível. O chefe o encara, então João tira um papel do bolso e o entrega ao chefe. – Aqui está a notificação do hospital. Ainda não pude pegar o atestado de óbito.
- Meus pêsames João. Quando será o enterro?
- Hoje à tarde, no jardim da saudade.
- Bom, João, vá e tire seus dias de folga. Despeça-se de sua mãe.
- Obrigado, diz João de maneira tímida e se vira em direção à porta.
- Ei, João, foi melhor assim. Ninguém merece sofrer em cima de uma cama de hospital, esperando a morte. João acena com a cabeça, seus lábios apertados, em sincera aprovação. João pensa que talvez tenha se enganado a respeito do chefe, mas como eles são sempre imprevisíveis ele prefere não pensar nisso. É claro que mãe é algo que todos respeitam, até mesmo os chefes.
Depois de falar com o pessoal da funerária e assinar todos os documentos João se prepara para ir ao cemitério velar o corpo e esperar os parentes. Ele sabe que a mãe não mantinha muitos contatos com estranhos, apenas uma ou duas amigas da igreja e os poucos parentes que ainda estavam vivos, como uma prima e a irmã dela, mãe de Mário. João não tem nenhum motivo para não gostar de nenhum deles, mas também não vê motivos para gostar. Ele nunca se deu bem com a tia, já que essa sempre desdenhou dele. – É por isso que o Mário vai ser alguém e você não! Era que o que a tia costumava dizer. Não que Mário tenha realmente se tornado alguém, pelo contrário, por ser um mulherengo tinha três filhos, cada um com uma mulher diferente, e todo o seu salário era para pagar pensão. Ainda assim ele detestava a maneira como a tia o olhava, como se ele fosse um alienígena, um bicho ou um aleijão. Ele sempre detestou a dinâmica de relacionamento entre familiares, alguns se viam, poucos se falavam, nenhum se ajudava, e para ele essa equação resumia tudo, ele realmente não via motivos para que fosse diferente disso. - É a natureza das coisas. Ele dizia. Chegando ao cemitério tudo o que João consegue pensar é que ele queria que estivesse chovendo ou nevando, pois o calor que fazia na cidade estava insuportável. Ele pensava que as convenções eram insuportáveis por isso, por abrirem mão da praticidade em nome das aparências. - Dane-se que é o enterro da minha mãe, eu não estaria mais ou menos triste se estivesse de bermuda! Ao invés disso, ele tinha que se contentar com o terno preto e com a gravata cinza.Ele vai direto para a cantina e compra 2 garrafinhas de água. Ele observa aquelas pessoas e percebe pela primeira vez que ele realmente não queria estar ali. Antes que ele pudesse pensar em mais alguma coisa ele vê chegar sua tia e algumas amigas da igreja. - Bom, agora não tem jeito, se tem que ser assim, que assim seja.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Como ja era de se esperar...

Deem as boas vindas para o mais novo membro, escritor e sonhador do blog: Arthur.

Seu nome ja vem de boas histórias e pelo que eu ja li, ele não fica para tras de grandes reis.

Portanto, Bem vindo!
Se sinta em casa, cara!

Dias Noturnos - Capitulo 5 (Encomendas e Borges)

E aquele longo prédio indecifrável a segundos atrás se sobrepunha a sua visão, de maneira que não tivesse tempo para duvidas. Sara adentrou corajosamente no Edifício Borges. Sem pestanejar e olhar para o simpático senhor que estava atrás do balcão. De fato não era um prédio comercial, e Sara andou pensando que era óbvio que tudo estava preparado. Sua entrada sem barreiras denunciava que o prédio esperava por ela, as paredes e toda aquela limpeza de que ela passara longe durante toda a sua estadia nessa cidade.
Era surreal demais até para a sonhadora Sara que já havia esquecido por completo a Vila dos Porcos e todo aquele chiqueiro a uns 2 km de distancia. O elevador parou no quinto andar, a porta lentamente abriu-se e Sara sem esperar o ciclo completar-se, saltara para fora do elevador, adentrando em um corredor de carpete e luzes amarelas, como o de um hotel. Ela andou olhando os apartamentos, um por um, até achar o 512. Sara pensou por um momento “Ainda dá tempo de desistir e procurar a pessoa certa, para quem foi enviado o bilhete...” mas ao mesmo tempo que pensava e mordia os lábios, Sara colocou a chave na porta e a girou, destravando-a e após girar a maçaneta, fazendo a porta abrir vagarosamente, mostrando pela luz do corredor o inicio de uma grande sala.
Mão direita no interruptor e estava lá, tudo como deveria estar em uma bela sala de estar de um apartamento. Uma bela mesa de mármore e madeira, de forma retangular, com 2 cadeiras nas pontas e 2 de cada lado dos lados maiores, em um total de 6 belas cadeiras. Havia também mais perto de Sara dois sofás de quina, pretos, um de 3 lugares, colado na parede, extremamente confortável, e outro de 2 lugares que ficava a frente da mesa. Do lado oposto dos sofás estava uma televisão na parede, dessas de 40'', tela plana, que só rico poderia ter. O chão era branco, um piso bonito e branco, parecia que tinha sido limpo hoje ou quem sabe ontem. Estava impecável.
Sara ainda estava admirando a sala quando reparou um caixote sobre a mesa, aquela bela mesa de mármore. Um caixote de papelão, pequeno, lacrado com fita, escrito “frágil” em sua lateral e com um papel dobrado em cima, preso por uma fita adesiva vagabunda. E esta foi a segunda vez que Sara hesitou, ela poderia sair dali ainda, fingir que tudo era um engano, mas enganada estava. Sara desdobrou o papel e encontrou outras palavras escritas.

Novo trabalho para você,
Entregue isso a um velho amigo, o endereço é: Rua dos Loucos, número 18. Não se esqueça, é para o Rodrigo Smith!

Casa nova, vida nova. Aproveite!



...


- Bom, Victor, agora vem a parte simples – dizia Marina um pouco ofegante – pelomenos para mim.
- Parte simples? Eu vejo a estrada logo ali, mas parece que ela nunca chega! - limpando o suor da testa.
- A parte simples é que seu nome não é mais Victor Brhams. Marcos Borges é seu novo nome. Sua documentação está toda na sua bolsa. - disse Marina de maneira indiferente sempre olhando em direção a estrada.
- Mas como assim? Mudar meu nome? Que história é essa? - Victor estava perplexo. Sua boca aberta e seca, testa franzida e olhos arregalados, tudo isso denunciava seu estado de surpresa e anseio.
- Não é mudar de nome, agora você é outra pessoa. Victor Bhrams morreu no caminho para o hospital, não existe mais! - Seu tom de apático se transformara em agressivo e Victor respondeu com um silencio e um olhar perturbado e amedrontado para Marina.
- É assim então? Eu não existo mais? Sou outra pessoa agora e devo agir como ela?
- Exatamente.
- Tenho escolha?
- Tem, ou você aceita essa sua “nova vida”, ou morre de verdade. - Marina falava essas coisas como se dissesse as horas ou pedisse um hamburguer – Até determinado momento, eu serei sua babá. Não tente fugir de mim, ok?
O que não cabia na cabeça de Victor naquele momento era aquela mulher doce se tornando um monstro ao seu lado, ele ali agora percebeu que ela estava armada, tinha uma pistola bem grande em sua cintura e isso fez Victor tremer.
O caminho até a estrada foi em silencio, enquanto isso Victor, ou Marcos, sentia sua face e todas as partes que estavam expostas ao sol arderem. As pernas começaram a reclamar seus minutos de descanso, os músculos fraquejavam e a língua estava colada no céu da boca, mais seca do que qualquer lembrança sobre sede que Victor tinha. Enfim, quando os dois pensavam em desfalecer, seus pés alcançaram o asfalto rachado da estrada.
Providencialmente havia um carro ali, Marcos, ou Victor, pensou se aquela lata velha realmente funcionaria naquele calor, mas Marina não precisou de muita perícia para tira-lo da inercia. Os dois entraram e partiram em linha reta para o horizonte desabitado, demorou quase a tarde toda para que eles chegassem em uma zona habitada que segundo Marina, era uma área de governo paralelo chamada Dãgslote.
- Pernoitaremos aqui, seu novo patrão tem um bom transito e respeito por essas bandas. - disse Marina parando o carro na frente de um portão de grade apoiado e um muro bem grande.
- Que lugar estranho, espero não ter que passar muito tempo aqui. - disse Victor espantado com todas aquelas ruínas sobreviventes de alguma cidade. Ele de fato nunca havia saído de Lassitah, sua cidade natal, seu inferno pessoal. - Você sabe o que eles fazem por aqui?
- São criminosos, Marcos. - séria e calma, dizendo lentamente palavra por palavra - Eles fazem coisas politicamente erradas e são maus, mas você não está longe de se tornar como um deles. - e terminou a frase com um leve sorriso.
- Eu criminoso? Olha, não tenho coragem nem de matar uma mosca!
- Criminosos covardes são os mais perigosos! - soltou uma grande risada. - Seu amigo o escolheu bem!
Enquanto Marina ria, uma criatura grande se aproximou do carro. “Um troglodita” pensou Victor enquanto via pelo vidro o homem se abaixar para falar com Marina. Aquele ser de seus 2m e alguma coisa de altura, de quase 200kg, carregando correntes, uma arma quase do seu tamanho e toda sorte de metais e tatuagens espalhados pelo corpo. Era de se intimidar, ainda mais ao perceber que ele não era o único, em pouco tempo o carro estava cercado daqueles tipos estranhos e mal encarados. Haviam magros, gordos, baixos e altos, mas nenhum deles parecia ser dotado de simpatia no olhar.

Victor já havia se convencido que aquele pernoite seria o mais estranho da sua vida, mesmo que o da noite anterior, ou dos dias anteriores, fossem bem esquisitos. Ao adentrar em seu suposto aposento, ele se deparou com uma mesa de cirurgia velha e enferrujada e uma almofada, furada e provavelmente cheia de ácaros, sobre ela. Havia apenas uma luz fluorescente sobre um pequeno espelho, que por sua vez era sobre uma pia, que ficava do lado de um vaso sanitário com uma aparência duvidosa. Um vasculhante apenas, um ventilador de teto, daqueles de aço do século passado, que movia-se como uma lesma.
Victor ou Marcos, adormeceu de exaustão sobre a mesa. Seus sonhos infantis dominaram a noite. Victor agora era um famoso jogador de basquete, que tinha super-poderes e muitos amigos, ele também iria se casar com a menina mais bela que conheceu, ela não sabia que ele podia voar.


...

Ela pensou novamente, pensou que talvez não fosse tarde procurar a pessoa certa, mas achou que talvez fosse melhor ir entregar a encomenda e depois procurar saber pra quem era o primeiro bilhete. Talvez também ela estivesse enlouquecendo mesmo e a Rua dos Loucos seria um lugar ideal para se refugiar, quem sabe? Sara tomou as ruas novamente.
Aquele dia quente e úmido, os carros respirando poluição, as obras transpirando poeira e toda a sorte de violência esgueirando-se nos becos em plena luz do dia. De fato nada estava fora do lugar, apenas Sara, praticamente alienígena e perdida, caminhando para seu destino incerto na Rua dos Loucos, logo ali, em algum canto esquizofrênico da cidade.
Ao pegar o ônibus lotado novamente, mais um contratempo, dois carros bateram e fecharam o cruzamento. Sara com pressa, tomou o subterrâneo, o velho Metrô. Sua caminhada árdua até a plataforma não a deixou pensar novamente, as ruas estavam cheias como sempre, e no subterrâneo, a agitação delas chegava a ser sufocante. E então Sara teve a impressão de ver alguém conhecido, um rosto, um andar, mas não pode ter certeza. Ela tentou seguir, mas o Metrô chegou e tanto ela, quanto ele, entraram nele, mas em vagões bem distintos.
Sara quis atravessar os vagões, mas eles não estavam conectados uns aos outros. E então ela ansiosamente esperou até que as portas se abrissem para tentar trocar de vagão. Mas na primeira ela foi empurrada com violência para dentro, e nas outras as coisas ficavam cada vez mais difíceis. Até que em uma delas a maioria saltou.
Sem perder tempo, saltou para o lado de fora e correu na direção do rosto conhecido, mesmo sem saber se ele já havia saltado ou não. Mas por sorte ele saiu ali, mas a multidão era grande, tão grande, que ela o perdeu de vista, mas continuou segundo o fluxo para a saída. E então ela o achou de novo, achou aqueles cabelos loiros que procurava.
Atravessando a multidão, derrubou senhoras, crianças, bancas de comerciantes ilegais, mas sua velocidade acelerada não se continha por esses obstáculos. Chegou a rua e continuou a persegui-lo, ele estava a uns 100m de distancia quando o ônibus parou. Ela gritou:
- Marcos! Marcos, espera!

Ele hesitou, olhou em volta, mas entrou no ônibus deixando Sara para trás.