domingo, 5 de setembro de 2010
Sobre Aspirinas e o Éter
Existe uma doença inominada que ataca certas pessoas. Ela tem sintomas estranhos e não se sabe se tem cura ou mesmo se é contagiosa. Um sintoma desses, por exemplo, é aquela sensação estranha de que alguma coisa ruim vai acontecer. A pessoa acometida desse sintoma sofre uma atrofia terrível, pois é uma atrofia na alma. Essa atrofia a impede, por exemplo, de perseguir seus sonhos. Com a alma atrofiada, ela perde suas asas. Outro sintoma estranho é o de sofrer por antecedência. As pessoas com esse problema tem uma espécie de síndrome do início/fim. Ela tem medo de começar alguma coisa, e quando começa só consegue pensar no quanto vai se machucar no final e assim ela não vive o meio. Tem também um sintoma mais grave que é a que impede a pessoa de enxergar a mudança. O doente acha que nada muda, e com isso não sai do lugar, aceitando o sofrimento e a tristeza que o acomete. Tem também o sintoma que poderia ser chamada de amarfobia. Com medo da dor as pessoas se encolhem, não se permitem amar e não se entregam nem pra outro e nem pra vida. O pior sintoma de todos é o gritar-pra-dentro. A pessoa simplesmente não consegue falar o que pensa e o que sente, abafa o grito e a vontade de gritar só aumenta, mas não sai do fundo da garganta. Essas pessoas não conhecem o silêncio pois dentro de sua cabeça existe um grito sem fim, que aumenta em tempos periódicos. Infelizmente, tudo o que posso fazer é receitar umas Aspirinas, solicitar que tomem de 6 em horas (nos casos mais graves de 2 em 2) e que elas possam deixar seus pensamentos passearem no Éter, fora da caixa craniana, libertos de si mesmo.
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Um comentário:
merda... (espero que não entenda isso como adjetivo ao seu texto... que é muito bom)
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