- Nada no radar...
- Tenho a sensação de que perdi o contato com eles, eles nem sequer responderam ao ultimo chamado. Não consigo entender.
- Talvez, talvez tudo tenha ido mesmo pelos ares, se tiver acontecido isso, morreremos aqui.
- É, só tínhamos um caminho para voltar para casa, não é?
- Um caminho e só um, único e imutável jeito...
- Acho que pode ser pior..
- O que?
- Pode não haver mais casa. Já pensou nisso?
- Já. Me da arrepios...
- Não demorará muito para o estoque de comida e de oxigénio acabar..
- O que você sugere?
- Não sei, mas não queria simplesmente morrer, não assim, entende?
- Entendo, mas.. nós fomos preparados para isso, para morrer aqui.
- Ninguem está preparado para morrer, ainda mais sozinho.
- É, ninguem, mas... nós não estamos sozinhos. Nós nos temos.
- É, mas no final, quando as coisas acabarem, estaremos sozinhos..
- É.
- Vamos parar de falar e pensar em uma possível solução para sobrevivermos.
- Sim, temos que economizar oxigénio e energia...
- É..
...
- Não acho que esteja certo..
- O que?
- Ficar assim, tudo acabar..
- Como?
- É, acho que, se algo tivesse acontecido la, haveria um sinal de emergência..
- Verdade, teríamos isso nos monitores, no radio, em qualquer coisa.
...
- É, lembrei de uma coisa... Estamos muito distantes, o sinal pode demorar para chegar.
- Hum, vou fazer os cálculos...
- Tipo, acho que devemos emitir um sinal de longa distancia, talvez eles nos achem.
- Hum, 100 dias terraquios, acha que conseguimos sobreviver?
- Talvez.. podemos tentar..
- É.
...
- Acho que gostarei de morrer com você..
- Quase um casamento, não é? hehe
- É, quase...
- Mesmo assim, ainda amarei as estrelas.
- Eu também...